Só quem está ou já esteve grávida sabe como é incontrolável o sono durante o dia, principalmente no primeiro trimestre. Segundo descobertas da ciência, o corpo é inteligente e esse cansaço todo pode ter uma forte razão de existir – e não aquele famoso “aproveita para dormir agora porque depois que o bebê nascer não vai dar”. Um estudo realizado na China sugeriu que gestantes com o hábito de tirar um cochilo durante o dia apresentam menor risco de terem recém-nascidos de baixo peso, mais suscetíveis a diversas complicações. Segundo a pesquisa, o efeito positivo é ainda maior quando a soneca ultrapassa aqueles dez minutinhos e se estende por um período de uma hora ou uma hora e meia.
Os pesquisadores da Huazhong University of Science and Technology, em Wuhan, analisaram as respostas de cerca de 10 mil mulheres a um questionário e, ajustando algumas variáveis, conseguiram estabelecer uma relação positiva entre o peso dos bebês e o hábito das mães de tirar uma soneca à tarde. Como esse não foi um estudo controlado, ainda não se sabe o que justificaria isso.
De qualquer forma, o estudo chama a atenção para o sono como parte essencial da saúde geral na gravidez. Roseli Nomura, obstetra da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta essa importância. “É essencial que a getsnte desfrute de um bom período de sono. Muito estudos relacionam distúrbios do sono – como a apnéia obstrutiva, sono curto e ronco grave – com resultados desfavoráveis da gravidez, como pré-eclâmpsia, hipertensão arterial,diabetes gestacional e até prematuridade.”
Na China, o hábito de dormir no período da tarde, como um sono complementar, já é considerado parte de um estilo de vida saudável, pois estaria relacionado com a redução do estresse. “Como a gestação é um período particularmente sensível,é importante que a mãe possa desfrutar de um bom período de sono, e se possível, tirar um cochilo no período da tarde. Isso é um desafio, principalmente no final da gravidez, quando muitos fatores atrapalham o sono materno, como a movimentação fetal , o volume do abdome, a maior frequência com que a mulher acorda para urinar, desconfortos gástricos, entre outros”, explica a especialista.
“O sono materno sofre uma grande influência da idade gestacional, pois no final da gravidez, quando o útero fica volumoso,qualquer posição é incômoda para a gestante dormir. Ainda assim, é preciso se atentar para a posição materna, pois dormir de barriga para cima trará efeitos indesejáveis para o feto, reduzindo a circulação sanguínea para o útero e, consequentemente, a atividade fetal. Nas gestações em que o útero fica volumoso em excesso, tal como na gestação de gêmeos, quando deita de barriga para cima a gestante, frequentemente, tem uma sensação de mal estar, por reduzir o volume de sangue que retorna ao coração, o que leva a uma queda da pressão arterial materna e diminuição sua oxigenação. A recomendação é que a gestante procure sempre dormir deitada de lado, sobre o lado esquerdo ou direito, o que lhe for mais confortável”, afirma Roseli Nomura.